domingo, 13 de junho de 2010

Matéria no Portal Decoração

Escrevi uma matéria que talvez vocês gostem. É sobre a cozinha e como ela mudou e se tornou o ambiente mais importante da casa ao longo do século XX.

Quem quiser ler acesse:

http://www.portaldecoracao.com.br/decoracao/Portugues/detNoticia.php?codnoticia=137

Obrigado pela leitura, sempre!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Alma cosmopolita

Conhecida pelo seu intenso movimento na madrugada paulistana, a rua Augusta é palco de boa convivência entre várias tribos urbanas


Por Léo Marques

Sob o clarão do sol, ela é mais uma rua movimentada de São Paulo, com seus edifícios residenciais e lojas de variados comércios, como roupas, móveis, brinquedos, papelarias e supermercados. Mas é no luar que sua verdadeira face aparece, com suas luzes de néon, com o brilho dos faróis.

Caetano que me desculpe, mas se hoje São Paulo pudesse se resumir a uma rua, ela com certeza seria a Augusta. Dividida pela avenida Paulista, ela nasce no centro, próximo a Praça Roosevelt, e segue pelo Jardins até a rua Estados Unidos. O local reune tipos tão diferentes de estilos, classes sociais, tribos urbanas que ninguém consegue passar incólume a sua diversidade cultural e sexual.

“Ela consegue conectar o lixo ao luxo, reunindo várias tribos nos seus pouco mais de três quilômetros”, resume Facundo Guerra, um dos sócios do Clube Vegas, presente na região há quatro anos. O empresário, que costuma caminhar por toda a Augusta, tem em mente a pluralidade da rua. “Se você passar por ela, desde o início, encontra os gays, as prostitutas, os emos, os punks e os roqueiros, depois, mais acima, vê os ‘intelectualoides’ nos sebos e cinemas do Espaço Unibanco; atravessando a Paulista você vê os ‘irmãos’ do Sara Nossa Terra, depois os burocratas dos edifícios comerciais e os fashionistas próximos das alamedas Lorena e Oscar Freire”.

A mais paulistana das ruas de São Paulo nasceu como uma simples trilha por volta de 1875. Na época, ela ligava a entrada da Chácara do Capão, hoje rua D. Antônia de Queiroz, à Avenida Paulista. Sua verdadeira vocação começou a aparecer já no final da década de 1950, quando ela representou para os jovens paulistanos o glamour e a diversão, com suas motos envenenadas e seus embalos de sábado à noite.

O lado do centro, o mais movimentado e heterogêneo, é conhecido como Baixo Augusta. A famosa casa de shows Studio SP, antes situada na Vila Madalena, se mudou em 2008 para a rua. “Com o crescimento do Studio e da cena da música ao vivo autoral que acabamos aglutinando, procuramos um lugar maior, de melhor acesso e que tivesse mais a cara de São Paulo e a Augusta sempre foi isso”, conta Alexandre Youssef, um dos donos da casa de show.

Depois de duas décadas de ostracismo, a partir de 2005 a rua reassumiu a sua vocação. O Clube Vegas é apontado por muitos como um dos responsáveis por trazer de volta os jovens da classe média hype paulistana. “Trouxemos um público que não freqüentava a região por medo, porque achava a Augusta violenta, o que não é verdade. Acho que o clube foi um catalisador desse movimento”, diz Guerra.

Nos últimos quatro anos, importantes bares, boates e casas de show começaram a se instalar na região e atrair diferentes públicos. O lazer cultural é completado por cinemas e teatros. Tudo isso atraiu as mais diferentes tribos urbanas, como os emos, punks, roqueiros, prostitutas, homossexuais e mauricinhos.

Apesar de reunir tribos tão diferentes, a boa convivência se manteve. O delegado titular da 4º DP da Consolação, Roberto Naves, comprova isso. “A gente não tem visto muito roubo e os crimes violentos são pontuais. A segurança é sensação. Em termos de incides, a violência hoje na Augusta é tolerante” afirma.

“A partir do momento que nós assumimos a delegacia, passamos a aumentar um pouco a preocupação com a rua Augusta, recebendo também o apoio da prefeitura e da polícia militar”, conta o delegado.

Os seus 16 mil metros quadrados estão o tempo todo vivos. O que mantém todo esse movimento mesmo às duas da madrugada de uma terça-feira, por exemplo, são as opções noturnas de lazer. Baladas como o Vegas, a OUT, a Inferno e a Roxy mantêm viva a alma cosmopolita do Baixo Augusta.

O lado nobre do logradouro enriquece ainda mais a diversidade cultural e social da rua. Um dos locais mais representativos desse trecho é a Galeria Ouro Fino. Berço de novos estilistas, esse centro de compras já presenciou diversas etapas da Augusta.

Mônica Araújo, 20 anos como sindica da Galeria e dona de duas lojas, fala com paixão dos tempos áureos de quando começou a trabalhar na Ouro Fino, há 38 anos. “Meu sonho é ver a rua Augusta como era nos anos 70. Ela tinha glamour. Hoje está mal cuidada, o pessoal põe lixo na rua e quando chove desce tudo. Ela devia seguir o exemplo da Oscar Freire”.

Já Facundo, que inaugurou recentemente dois bares na região, o Z Carniceria e o Volt, acredita que a rua melhorou muito nos últimos anos. “Antes a zona de prostituição prevalecia sobre os clubes de música. Hoje acho que a coisa está mais equilibrada. Quando eu cheguei percebi que aquela região se tornaria uma zona de entretenimento”.

Youssef acreditava que a badalação da rua iria com o tempo gerar uma mudança no perfil da Augusta. “Achava que viriam bares chiques e restaurantes bacanas ou redes de fastfood e com o tempo ela se enquadraria nos padrões convencionais. Mas isso não está acontecendo. Parece que as coisas se equilibraram e hoje as novidades da rua e da região convivem com seu lado mais cult e parecem depender disso para fazer sucesso”, diagnostica.

Em meio a todo esse turbilhão cultural, um dos personagens mais interessantes da Augusta acompanhou os altos e baixos da rua nos últimos 55 anos. Maurice Plas, o famoso alfaiate francês da loja que leva seu sobrenome, sente saudade da época em que as pessoas faziam compras nas lojas de rua. “Hoje dificilmente senhoras ricas vão baixar aqui por causa das casas noturnas, mas continuarei tocando meu trabalho, sempre fazendo novos modelos de chapéus”, conta.

Onde mais seria possível ver uma moça só de calcinha e um rapaz completamente nu andando no meio da pista? Em uma típica garoa do inverno paulistano e sob um frio de 8ºC, a Augusta foi palco de cenas incomuns a qualquer outro lugar. “Em julho de 2006 eu e meu amigo estávamos voltando bêbados e decidimos, num ato insano, tirar a roupa e descer a rua caminhando na faixa amarela. Foi uma noite épica. As pessoas acharam que era uma performance, até os policiais pararam para nos ver passar”, conta entre risos a atriz e moradora da região, Eveline Maria.

O ato acabou levando-lhe ao hospital por conta de uma inflamação na garganta, mas simboliza a aura que circunda principalmente o lado central do logradouro.

“Acredito que daqui a dois anos esse equilíbrio encontrado hoje no Baixo Augusta entre prostituição e zona de entretenimento se desfaça e a região se torne realmente uma zona de entretenimento como já foi a Vila Olímpia, os Jardins e a Vila Madalena”, aposta Facundo.

“Essa rua é como eu costumo brincar com os meus amigos: o Baixo Augusta é a Palestina, o outro lado é Israel e a Paulista, a faixa de Gaza”, compara o dono do Vegas. Felizmente, sem guerras.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

“Em vez de tapas, levo beijos”*


Colunista consagrado, José Simão abre as portas da sua casa e conta detalhes da vida e carreira

Por Léo Marques

Filho de árabe com loira – como ele mesmo diz –, José Simão, ou Macaco Simão para a maioria dos brasileiros, está entre os colunistas mais lidos do País. Conhecido pelas suas críticas bem humoradas, ele conquistou o respeito de todos de quem costuma falar. São mais de 20 anos como colunista da Folha de São Paulo, oito no site UOL e três na BandNews FM.

Morador do Jardim Paulista há mais de 10 anos, ele gosta de falar do que os brasileiros já sabem. “Eu só falo sobre o que saiu na mídia. Não investigo, não vou atrás de ninguém. O Brasil inteiro sabe o que estou falando. Brasileiro é assim, se não saiu na televisão, não aconteceu. E se não saí na Tv as pessoas não sabem do que você está falando. E eu não gosto de explicar o que eu estou falando. Eu gosto de falar o que todo mundo já sabe”. Com a palavra, Macaco Simão.

Léo Marques - Vamos começar com uma pergunta bem simples, só para descontrair. Por que Macaco Simão?

José Simão - Na escola já me chamavam de Macaco Simão. É personagem de literatura infantil. Quando comecei a escrever na Folha, esculhambava tanto – afinal eu sou o esculhambador geral da republica – parecia macaco em loja de louça, uma gandaia. Então resolvi usar esse apelido, porque todo mundo gosta de macaco, está no subconsciente infantil de cada um. O macaco tudo pode, o macaco tem licença poética, todo mundo perdoa o macaco. Eu poderia ter caído no ridículo com esse apelido, mas como o artista não pode ter medo do ridículo, arrisquei. E fez sucesso! Como eu sempre digo: sou filho de árabe com loira e deu macaco na cabeça. E eu sou pop. Nada acadêmico. Acadêmicos por acadêmicos, prefiro os Acadêmicos do Salgueiro.

LM - E o que é ser Macaco Simão?

JS - É ser bem macaco mesmo. Primeiro eu gosto mais de ficar acordado do que de dormir. Eu já acordo em pé. Gosto de imitar os outros, eu sou elétrico, gosto de dar risada, gosto da alegria, mas também gosto de deitar na rede e pensar. Ser Macaco Simão é falar com as pessoas na rua. Tenho essa aparência meio esnobe, mas sou um vira-lata.

LM - Conta um pouco como começou a escrever a coluna da Folha de São Paulo?

JS - Meio por acaso. Precisava de dinheiro e gostava de escrever. Na verdade, gosto mais de falar que escrever, tanto que minha coluna parece falada, introduzi o oral na escrita. Então fiz um teste pra Folha. Apesar de serem todos amigos meus, o teste foi dificílimo, parecia que estava entrando na Academia Brasileira de Letras. Aí comecei a trabalhar num suplemento da Folha com o Zeca Camargo e a Lilian Pacce.

LM - Você está na Folha desde 87 – no início você já tinha a liberdade em escrever como hoje? Se não, como foi se dando essa conquista?

JS - Só trabalho com liberdade total! Tanto na Folha, na UOL, na Bandnews FM. E confiam em mim porque sou super responsável. Não sou porra louca, sou louco lúcido.

LM - Algumas pessoas que você brinca na sua coluna já vieram tomar satisfação com você ou elas sempre levam na esportiva?

JS - Sou um colunista que em vez de levar tapas, levo beijos! Quem falou isso foi Marilia Gabriela. Estava indo gravar o programa da Gabi com a Feiticeira, que na época eu chamava de Peiticeira, Froticeira (porque ela tava mais malhada que o Frota) e chegando no estúdio nos cumprimentamos, rimos e ela me encheu de beijos. E a Gabi: mas em vez de tapas, ela te dá beijos! É que posso ser até cruel, demolidor, mas jamais baixo astral. Jamais rancoroso. Prefiro o humor que o rancor. Por isso as pessoas levam na esportiva. Às vezes por falta de opção. (risos) Ou como diz um amigo meu: você é o malvado mais bonzinho da imprensa. Ou como disse um dia na Bandnews aquele general de fronteira: eu não tenho medo de terrorista, tenho medo é do Zé Simão.

LM - Você aborda três temas que mais deliciam os brasileiros: sexo, política e futebol. Dentre esses, qual esta mais em ascensão?

JS - Depende do que ta rolando no momento. Se for política com sexo melhor ainda! Brasileiro gosta de babado, escândalo. E eu também! Escândalo no Brasil não dura mais que sete dias. Logo vem outro! Eu sempre digo que o trio elétrico do brasileiro é real, bunda e bola. São assuntos prediletos em qualquer padaria do país. Padaria é um fórum de debates. A TV sempre ligada, aí entra um e comenta a noticia do dia, o outro rebate e logo vira um debate. Por isso que criei o meu próprio instituto de pesquisa, o Datapadaria. E brasileiro adora fazer humor com sexo. Sempre foi assim, desde a Dercy, Trapalhões, Casseta (&Planeta), a Praça é Nossa. Basta reunir quatro pessoas que lá vem esculhambação. Tudo no Brasil tem duplo sentido.

LM - Por que o Brasil é o país da piada pronta? Tem algum outro que seja mais piada ainda do que o nosso?

JS - Não tem. Você é cheio de escândalo político no Brasil. Escândalo político no Canadá, por exemplo, é uma financeira que passa um golpe pela web em outra financeira. No Brasil não. No escândalo político, como o do Renan Calheiros, tem amante, tem boi. É meio chanchada. E tudo é meio piada pronta. Por exemplo, no auge do escândalo por causa da amante ele (Renan) tava tentando passar um projeto de fidelidade partidária. Mas num país como esse o humorista tem que trabalhar muito mais porque ele tem que ser mais engraçado do que o fato, do que a piada que já está pronta.

LM - Os comentários políticos sempre rendem boas risadas. Por quê?

JS - Comentários políticos rendem boas risadas porque é a vingança, a desforra das pessoas. É aquele meu bordão: nóis sofre, mas nóis goza!

LM - O que te deixa à vontade para esculhambar, brincar, criticar os outros?

JS - Tem uma frase de Oswald de Andrade que diz: “só pode esculhambar os outros quem se esculhamba”. E eu sou assim. Por isso que eu me sinto a vontade e intimidade pra esculhambar os outros!

LM - Você já conheceu muitas personalidades, tanto políticas, quanto da classe artística. Qual delas te marcou mais?

JS - Nem tantas quanto as pessoas acham, mas a personalidade mais marcante para mim é Hebe Camargo, porque quando encontra com a gente é muita energia. A Marília Gabriela é uma pessoa que eu adoro. Quando a gente se encontra sei que é um papo inteligente, engraçado. Mas eu admiro muitas pessoas como amigas. Não sou muito de “celebrits”.

LM - Você já morou em Londres, viajou por vários países, ou seja, conhece muitas culturas. O que mais te marcou nessas viagens? Alguma curiosidade que valha a pena ser citado?

JS - O Lugar que eu mais me sinto à vontade é Paris. Se eu quero andar eu ando, eu me sinto bem. Mas o que mais me impressionou foi o Cambodja. O povo é pobre, mas é fofo, tem cultura. Nessa viagem eu encontrei uma menina que vendia cartões-postas, o que seria menina de rua aqui no Brasil. Ela me perguntou de onde eu era. Quando disse que era do Brasil ela imediatamente disse: capital Brasília. Falei: vou levar ela para o Brasil porque acho que nem o Presidente sabe.

LM - Você tem uma coluna na Folha, tem o Monkey News na web tv da UOL, o programa Ondas Latinas e religiosamente está de segunda a sexta na Band News FM. Ou seja, praticamente todos os meios de comunicação, menos a TV. Já pensou em ter um programa televisivo ou fazer parte de um?

JS - Eu não gosto. Acho estressante, chato. Tem que ir até a emissora, tem o Ibope, tem ego. Eu prefiro não fazer nada com Tv.

* Matéria publicada na revista Jardins - Life Style (São Paulo)

sábado, 13 de junho de 2009

Fora das ondas


Mais do que um filme de surfistas que se vêem numa relação gay, “De repente, Califórnia” fala do controle da própria vida


Por Léo Marques
Logo na entrada do cinema, uma frase no cartaz do filme anuncia a atmosfera da história: “O O.C gay”. A famosa série americana citada no cartaz se passa na Califórnia, e conta a história de um rapaz pobre que se vê, num acaso do destino, vivendo e morando entre os ricos. Porém, mais do que uma história de belos surfistas californianos, “De repente, Califórnia” (Shelter, em inglês) fala de descobertas, de transpor barreiras e preconceitos. Tudo isso num drama leve e romântico. Sua estreia no Brasil aproveitou o bom momento da Parada Gay para lotar suas sessões.

Zach (Trevor Wright), o protagonista da trama, é um cozinheiro frustrado de uma lanchonete e sonha em entrar para a escola de artes. Vivendo uma relação conturbada com a ex-namorada, ele abre mão do sonho artístico para cuidar da irmã mais velha, do pai e do sobrinho. Essa submissão aos desejos da irmã, que não tem a mínima responsabilidade para com o próprio filho, acaba levando-o a ocupar o lugar de pai na vida do garoto.

A sua rotina começa a mudar quando reencontra Shaun (Brad Rowe), o irmão mais velho do seu melhor amigo, que voltou para a antiga casa a fim de recuperar a inspiração para escrever um livro.

O que era uma amizade acaba se transformando em atração e os dois dão início a uma relação que para Zach é difícil de compreender. Assumido e diante dos problemas que envolviam Zach, Shaun resolve pressiona-lo para que assuma o controle da própria vida.

É nessa miscelânea de conflitos que vive o protagonista de “De repente, Califórnia”. Apesar dos diálogos pouco aprofundados e de cenas clichês da costa do Pacífico, o filme é embalado por uma trilha sonora de tirar o fôlego e arrancar suspiros dos solteiros e carentes, sejam heterossexuais ou gays.

Disponível apenas em dois cinemas de São Paulo, no Unibanco Arteplex do Shopping Frei Caneca e no Espaço Unibanco da Augusta, esse delicioso longa é em suma uma história de família. O filme já ganhou diversos prêmios, entre eles o de melhor ator e de melhor novo diretor (Jonah Markowitz) em mais de dez festivais.

sábado, 14 de março de 2009

Entre o mar e a serra


Por Léo Marques


Ubatuba é um daqueles cenários paradisíacos que a gente costuma ver na TV. Suas belas praias, muitas desertas, suas montanhas cobertas por uma densa mata fechada fazem dessa cidade um recanto ideal para quem busca um visual encantador.

Último município do litoral norte de São Paulo antes do Rio de Janeiro, Ubatuba tem mais de 100 praias. Sua longa costa super recortada esculpiu enseadas de águas verdes e límpidas. São 104 km de costa com 17 ilhas e 8 ilhotas. A maior delas é a Anchieta, local para onde eram levados os presos políticos no século 17 e 18. A homenagem ao padre que catequizava os índios surgiu pela freqüência com que ele ia visitar o vilarejo e levar comida para as 100 famílias que moravam lá.

Entre os cenários mais conhecidos desse pedaço do litoral paulista está a Serra do Mar. Seus paredões de mata atlântica foram vistos por milhões de brasileiros na abertura da minissérie global A Muralha.

Para preservar toda essa floresta, foi criado em 1977 o Parque Estadual da Serra do Mar. São 315 mil hectares, constituindo a maior área de proteção integral de toda a Mata Atlântica. Este local protege cerca de um quinto de todas as espécies de aves que existem no Brasil e representa 80% do território do município.

O “sertão”, como é chamada a área ao pé da serra, guarda importantes atrações para o turista, como a Casa da Farinha. No final do século XIX o local era uma antiga usina de açúcar e álcool. Depois de abandonada, foi aproveitada a roda d’água para movimentar os aviamentos da Casa de Farinha, construída na década de 50. O local foi recuperado 1986 pelo Parque e hoje é considerado patrimônio histórico e cultural. Para chegar até ela é preciso pegar uma estrada de terra com acesso pelo Km 11 da Rodovia Rio-Santos (BR-101).

Não é só o mar que encanta em Ubatuba, os rios também são importantes atrações para quem visita a cidade, com destaque para o Córregos Duas Irmãs e Lagoinha. Todo esse ambiente permite mais um atrativo para o visitante: a observação de pássaros. O Jeep Tour do Picintour, localizado na praia de Picinguaba, é uma das formas de desfrutar dessas atrações. Aline Pereira de Souza é a pessoa responsável por esses passeios. Ela está autorizada pelo Parque a apresentar ao turista a Cachoeira do Tombador e Ubatubamirim, além da Casa de Farinha e algumas praias desertas como a da Bravo do Camburi.

Aline Pereira é uma das responsáveis pelos passeios no Parque Estadual da Serra do Mar

Trópico de Capricórnio

Ubatuba, em tupi-guaraní, quer dizer terra de muitas canoas ou de muitas canas. Ela é a primeira porção de continente a ser cortada pelo Trópico de Capricórnio e onde os primeiros raios de sol do verão dão o ar da sua graça. São mais de 450 anos de história, sendo palco de importantes episódios, como quando, após a confederação dos índios Tamoios, o padre Anchieta foi mantido “preso” na antiga aldeia de Iperoig.



Este local, inclusive, foi onde nasceu Ubatuba. É lá que está o centro da cidade e suas maiores atrações em termos de lazer urbano. Criado em 1991, o Projeto Tamar é um deles. Essa instalação é uma das poucas no Brasil em locais apenas de alimentação das tartarugas marinhas, devido a grande ocorrência delas na costa do município.

O destaque do Projeto Tamar de Ubatuba fica por conta do novo sistema de tanques de 100 mil litros de água marinha, com visores de vidro para observação das tartarugas submersas e uma praia artificial que enriquece o ambiente dos animais.

“Uma das nossas maiores preocupações se devem às tartarugas que ficam presas nas redes dos pescadores, mas fazemos um trabalho constante de educação ambiental com eles que tem dado um bom resultado, salvando a vida de muito desses animais”, conta Bruno Carvalho, biólogo responsável pelo Centro de Reabilitação de Tartarugas Marinhas.

Outro ponto que não deve deixar de ser visitado é o Aquário de Ubatuba. São mais de 100 espécies de animais como, piranhas, raias, moréias, tubarões, jacarés e pingüins, distribuídos em 24 tanques. O visitante poderá conhecer um pouco sobre os rios brasileiros e ecossistemas costeiros. Além disso, há o museu da vida marinha, com esqueletos de baleias, golfinhos, tubarões e outras espécies empalhadas, como a barata gigante – existente apenas nas profundezas escuras do oceano – e o baiacu, no momento exato de sua morte – quando ele incha. Tanto Aquário, quanto o Projeto Tamar estão na parte central da cidade e podem ser percorridos a pé.

Gastronomia

A gastronomia da cidade é uma atração a parte. Ao longo da praia de Iperoig é possível encontrar bons restaurantes especializados em várias cozinhas. Mas o forte mesmo fica por conta dos pratos feitos com peixes e frutos do mar. A culinária local guarda temperos e sabores que não devem deixar de ser experimentados.

Para celebrar tamanha diversidade gastronômica, todos os anos a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes realiza na cidade o Festival Gastronômico. Em sua 4ª edição, os restaurantes oferecem pratos especiais em condição promocional sempre no mês de agosto. Eles são elaborados por renomados chefs da região que junto com atrações e intervenções culturais completam o evento.

A infra-estrutura hoteleira oferece boas opções aos turistas, como o 4 estrelas Ubatuba Palace Hotel. O local possui um ótimo atendimento para quem quer curtir a paisagem sem abrir mão do conforto. Os hospedes desfrutam de massagens terapêuticas, estética – entre elas a redutora e a dreno-modeladora; podem jogar golf no mini-campo feito especialmente para os amantes desse esporte; além de desfrutarem de piscina, sauna e uma excelente cozinha.

O hotel costuma oferecer aos visitantes bicicletas para que eles possam explorar a cidade de uma maneira mais saudável. Essa, inclusive, é uma das formas de locomoção mais utilizadas pela população local, que possui 75 mil habitantes. O veículo tem tanta importância que ganhou faixas exclusivas pintadas no asfalto da rua, além das ciclovias espalhadas ao longo da orla.

A região oferece uma outra vantagem: ela está próxima de dois conhecidos recantos turísticos: Paraty e Ilha Bela. Subindo a Rio-Santos, sentido a capital carioca, a histórica cidade, sede da Festa Literária Internacional, estará a uma distância de 71 km. Já o arquipélago, conhecido pelas mansões e freqüência do público classe A e B, fica a 75 km ao sul.

Toninha Arruda Castro, uma das guias turísticas da cidade, explica que Ubatuba tem feito de tudo para se firmar como pólo turístico do país, sempre oferecendo atrações em períodos fora da chamada alta estação – de dezembro a fevereiro. Pelo menos belezas naturais os turistas terão o ano todo, esse já é um bom motivo para não deixar de conhecer esse pedaço de paraíso.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Paixão onipresente















Por Léo Marques

O brasileiro, pelo menos é o que dizem as más línguas, é apaixonado por três coisas: futebol, mulher e cerveja. As propagandas da bebida não cansam de explorar o tripé. Quando bate aquele calor, é a ela que muitas vezes recorremos. Nos casamentos, aniversários, batizados, Natal, Ano Novo, show ou nos finais de semana num barzinho. Ela está em todas as comemorações ou numa simples roda de amigos. Mas de que é feita mesmo a cerveja?

A composição básica possui três elementos: o malte, o lúpulo e a levedura. Esse composto é conhecido por Lei da Pureza Alemã que existe na Alemanha desde 1516, criada pelo Duque Guilherme 4º, na Bavária. Ela proíbe a utilização de qualquer ingrediente que não esteja entre os três citados acima e a água.

Mas no Brasil, além dessas matérias-primas, as grandes cervejarias utilizam milho e arroz na composição da bebida. Isso é um dos artifícios usados para baratear o custo. Esses fabricantes ainda usam conservantes ou estabilizadores de espuma. Dessa forma, o preço de cada cerveja sai das fábricas por R$ 0,60 a garrafa. Até chegar a nós, consumidores, há alguns acréscimos tarifários ao longo do caminho.

Segundo o Sindicato Nacional das Indústrias de Cerveja, o País possui a quinta maior produção do mundo, com 8,5 bilhões de litros/ano, perdendo apenas para a China (27 bilhões de litros/ano), Estados Unidos (23,6 bilhões de litros/ano), Alemanha (10,5 bilhões de litros/ano) e Rússia (9 bilhões de litros/ano).

Apesar dessa produção e consumo elevados, chegando a 47,6 litros/ano por habitante, o brasileiro conhece pouco sobre a cerveja.

Infelizmente a fabricação do Brasil não está entre as melhores do mundo. Três nações dividem esse posto: a Alemanha, a Bélgica e a Inglaterra. “Todas elas são bem diferentes umas das outras, e todas são maravilhosas”, diz o cervejólogo Edu Passarelli. Por ser a cerveja alemã a mais conhecida do País e eles serem grandes consumidores de lagers (família do estilo pilsen), o brasileiro tende a achá-la melhor. “Mas conhecendo um pouco mais das outras duas, veremos que todas possuem grandes produtos”, complementa.

Edu, que é formado em gastronomia pela UniFMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo, e especialista em Gestão de Negócios de Serviços de Alimentação pelo SENAC desvenda ainda um outro questionamento recorrente entre os apreciadores da “gelada”: a diferença entre o chopp e a cerveja. “O chopp nada mais é do que uma cerveja que não foi pasteurizada, ou seja, engarrafada. Está é uma denominação que praticamente só é utilizada no Brasil. Podemos ter “chopp” de diversos estilos de cerveja, mas o mais comum vem do estilo pilsen”.

As diferenças na bebida não param por aí. Apesar do tipo mais conhecido ser a dourada, a cerveja escura também é bastante consumida no Brasil. Inicialmente, a variação de cor ocorria devido à torrefação dos maltes utilizados na fórmula. Hoje, as grandes cervejarias costumam utilizar caramelo de milho para escurecer. Isso acaba adocicando as cervejas escuras. Mas as variações na tonalidade da bebida não se restringem a esses dois estilos. Existem ainda as vermelhas, marrons e amarelas.




Mas a gelada precisa ser tão fria assim? Edu Passarelli acha que não. Para ele, a temperatura ideal depende muito do estilo da cerveja. “O frio inibe a nossa percepção de aromas e sabores, por isso é melhor optar por uma temperatura que varia entre 2°C a 5°C”. Uma pilsen de boa qualidade deve ser consumida entre 2°C e 4˚C. Já uma belgian ale, por exemplo, pode chegar a 10˚C.

Apesar da baixa qualidade na produção das cervejas mais consumidas nacionalmente, o Brasil possui boas microcervejarias que aplicam a Lei de Pureza. Muitas delas estão localizadas no sul do país, numa região apelidada de Vale das Cervejas Artesanais, em Santa Catarina. O aumento da importação da bebida também faz com que o consumidor tenha a oportunidade de provar o verdadeiro sabor dessa que é a paixão dos brasileiros: a cerveja.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Bom, fiquei muito surpreso e feliz quando soube que tinha ganhado dois selos de recomendação para o meu blog. Agradeço ao Ricardo Cazarino pela indicação. Vou repassar para três pessoas. Dentre elas o próprio Ricardo. Não como forma de agradecimento, mas pelo simples merecimento. O blog dele é show, merece ser lido e comentado.





Indicados

Palavras sem Fronteiras

Mind Walk

Meu mundo em Movimento